Essa gente que mexe com inseminação humana se acha deus. Não. Se acha mais que deus. Tão mais que acha que pode anunciar criança feito mercadoria. Fiquei chocada com a campanha publicitária de uma clínica de inseminação aqui de Porto Alegre, por sinal, localizada em um prédio hiperchique da cidade. Os caras anunciam criança como um big mac, vendendo features ( excelência técnica), vantagens ( tecnologia de ponta) ao melhor estilo publicidade sem ética da pós-modernidade, embora ironicamente também se atribuam - veja você!- ética. Chegou a me dar um arrepio quando vi o anúncio na ZH, e ao entrar no site, horror de novo. O mesmo discurso risonho de venda de criancinhas, como se fosse a coisa mais natural e aceitável do mundo anunciar bebês. Só falta dizer: compre um e leve três!...Um texto cheio de dentes, pimpão, de silvio santos em porta da felicidade. Eles devem defender seu cinismo mercantil baseados em quão felizes ficam as mamães e os papais desses bebês inseminados. Mas, podem tirar o semenzinho da chuva. Pra cima de mim, não, que eu sou do século passado. Por favor, tenham mais compostura quando tratam desse assunto. E não atravessem a rua da ética indo vender criança na peixaria. Publicidade assim fede.
PS: Antes que me joguem pedras, atenção. Não estou criticando quem faz inseminação artificial. Estou criticando propaganda de inseminação artificial como se bebê fosse mercadoria.
Um blog à beira de um prozac. Reflexões sobre pós-modernidade, criadores publicitários, artigos acadêmicos, vida real, memórias, xingamentos, declarações de amor e desaforos em geral.
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Os perigos éticos de uma propaganda!
ResponderExcluirGrande Graça, lúcida como sempre. Sabe que quando li o título e vi a imagem, assim reduzidinho, pensei que era campanha de adoção. Que aliás, seria bem mais útil.
ResponderExcluirReificação, fetiche, alienação... e tem quem ache que o velho Marx não valha mais nada. ótima reflexão, Graça. ;)
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