Um cusp! para Bolsonaro.

Até um asno entende que ele diz. Aliás, são os que mais entendem. 

POR QUE BOLSONARO, um sujeito claramente limitado e com um discurso repulsivo sob todas as formas - homofóbico, misógino, racista, fascista, fanático, fundamentalista, asqueroso, enfim - faz sucesso e vira mito, apupado por certos grupos? 

Porque ele, ainda que diga barbaridades atrozes,é fácil de entender. Ainda que imoral, impensável, tudo o que ele diz é rasteiro, palpável, não tem proparoxítonas nem o palavrório difícil e aparentemente suspeito do usual discurso político. 

Até um asno entende o que ele diz. Aliás, são os que mais entendem. 

A conversa dele é de galpão, de muro, de cotovelo na janela, de boteco de pinga, de bolicho de sinuca. Ele encarna como ninguém o pensamento mágico infantil, o discurso reto, sem firulas, pseudo paternalista, fanfarrão, sem caráter, do sujeito que sabe o que fazer, não importa se é ético ou não - pode deixar, papai cuida de tudo! - do sujeito que promete ir lá e resolver o problema, com dois ou três tapas na orelha de quem discorda. 

A conversa dele é de bandido, de super-herói de mentira. Mentirosamente, ele faz a ovelhada medrosa acreditar que em sociedade tudo é possível de ser resolvido com beligerância e autoritarismo, muito além da moral. Ou, pior, com falsa moral. 

E nessa falácia, ele faz um atalho estratégico no discurso, deixando para trás a parte incompreensível para quem não pensa com a própria cabeça: a complexa necessidade da dura negociação inerente à democracia, da administração delicada dos contrários, da busca de consenso, da superação das diferenças por uma causa maior que a da cartilha do primeiro ano fundamental ou do catecisminho de domingo. 

Ovelhas adoram gente assim, que as poupam de raciocinar, de decidir, de compreender os meandros difíceis das relações humanas. Ovelhas adoram salvadores do rebanho, adoram não precisar refletir, não precisar arriscar, não precisar negociar, não precisar nem escolher o que é certo e o que é errado. Ovelhas adoram seguir o pastor. 

Não é à toa que um dia acabam virando tapetes, ops, pelegos. Cusp!(Graca Craidy)

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