Um blog à beira de um prozac. Reflexões sobre pós-modernidade, criadores publicitários, artigos acadêmicos, vida real, memórias, xingamentos, declarações de amor e desaforos em geral.
Humor: Algumas mulheres são de Marte.
Todo mundo que me conhece sabe, eu odeio bancos. Mas, naquela segunda-feira, conformada com minha inelutável sina de correntista, engoli meus esbravejos e me fui, em busca de um banco que tivesse agência tanto em Porto Alegre - pra onde eu recém havia me mudado - como ali em Ijuí, onde morava minha mãe.
Entrei na Caixa Econômica Federal. Esperei, e esperei, e esperei. A fila, tartaruga. Desconfio inclusive que o povo remanchava fazendo daquilo um grande programa social para encontrar amigos, prosear, tomar cafe de graça, se sentir importante, ocupar o tempo. Paviozinho curto que sou, acabei abandonando o recinto.
Porta afora, bufando, encontro com meu cunhado, o gentleman da família, que me acalma e me sugere o Santander, antigo Sul Brasileiro Meridional, pertinho, do outro lado da casa da minha mãe, ao que tudo indicava, infinitamente menos cheio. Meu cunhado, um relações públicas nato, é muito conhecido na cidade. Não há lugar que ele entre onde não acene pra este, sorria pra aquele, cumprimente aquele outro. Ele tinha boas relações com a gerente do Santander, poderia acelerar o processo da minha abertura de conta, além de me abonar a assinatura, a probidade, todas aquelas coisas que é sempre bom você ter alguém que conheça os trâmites.
Sim, eu estava em ótima companhia para abrir uma nova conta em um novo banco em Ijuí. Quem não estava, na verdade, era meu cunhado. Mal sabia ele que depois de tantos anos de relacionamento fino e educado com aquelas pessoas sérias que passam os dias contando dinheiro, ele ia pagar um mico tão grande que anularia a sua vontade de circular comigo na cidade por um tempo sine die.
Sentados eu e ele em frente à gerente do Santander - uma linda moça vestida de terninho e tudo o mais, muito gentil e prestativa - eis que ela me pede RG, CPF, conta de luz, aquela coisarada que eles exigem, com medo que a gente fuja com o nosso próprio numerário.
Sem problemas. Pego minha bolsa. De dentro da bolsa, o porta-documentos. De dentro do porta-documentos, o RG. Logo a seguir, o CPF. Por fatalidade, na hora da maldita puxada da conta de luz, veio mais que a conta de luz.
11 horas da manhã de uma pacata segunda-feira na pacata cidade de Ijuí dentro de uma pacata agência do Santander, diante de uma pacata gerente do banco, eu puxo a conta de luz, mas o que sai, e cai, e aterrisa no chão ainda fazendo um voluteio no ar?
Nada menos que vários envelopinhos da Johnson's&Jonhson's, marca Jontex. A cara de espanto da gerente e do meu cunhado, me olhando os dois como se tivesse baixado ali uma recém-chegada nave espacial, é hilariamente inesquecível. Corria o ano de 2004 e eu já não era mais, há décadas, uma garota de 20 anos.( Graça Craidy)
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