À medida que Schwartsmann ia falando do seu projeto para a próxima Bienal, que vai acontecer em abril de 2018, toda a plateia começou a levitar, como num quadro do Chagall. Embalada por sua fé, seu entusiasmo, sua vontade de fazer.
E superamos a crise, o desânimo, as tristezas, as dificuldades que o momento histórico impõe. Com o pé no chão, como ele. Mas viajando, também, com ele. Sobrevoando a cidade, feito o quadro do Chagall (figura aliás com quem Schwartsmann se parece muito).
Sua voz forte, decidida e sorridente foi nos contando que, sim, é possível, mesmo com mau tempo, realizar uma Bienal bela, representativa, relevante, envolvida no cotidiano da cidade, se fazendo acessível a todos, inclusive `aqueles que nunca têm acesso `a arte.
Sim, já temos um curador de " currículo robusto" - ele falou - contando que o crítico de arte alemão Alfons Hug, conectado com o Instituto Goethe, ficou tão entusiasmado com o convite, que pagou do seu próprio bolso a passagem, vindo a Porto Alegre rapidamente para conversar com Schwartsmann.
E o novo Presidente explicou que tudo vai acontecer ao redor da Praça da Alfândega, principalmente no trio de museus da cidade - MARGS, Santander e Memorial - e quiçá nos armazéns do cais. Falou também que o tema da Bienal acordado com o conselho e o curador será O Triângulo do Atlântico - Africa, América, Europa - explorando nos seus vértices tudo o que nos contagiou, nos construiu, nos fez sermos o que somos, vindo dessas três origens.

A proposta é que O Triângulo do Atlântico se reflita não apenas nas artes visuais, mas em todas as manifestações de arte em 2018, em Porto Alegre, englobando música, literatura, o que puder nos traduzir na troca de influências culturais que definem o que hoje se chama gaúcho.
O arquiteto Mario Englert, que na I Bienal da Mercosul liderou a construção em tempo recorde de 30 mil metros quadrados de espaço expositivo, convidado a dar o seu testemunho, me encheu os olhos de lágrimas, quando se mostrou valente para reconstruirmos em nossa terra o tributo aos nossos antepassados que tanto lutaram para fazer dela uma boa terra. " É possível, sim, nós vamos conseguir, nós podemos - disse ele. "Tudo hoje nos diz ' vai embora', mas nós não vamos, nós vamos ficar e lutar e transformar".
Fiquei emocionada.
Lembrei dos meus bisavós italianos que caminharam - literalmente! - durante um mês, depois de atravessar o mundo, para cruzar da antiga Vila D'Eu- Bento Gonçalves - até Ajuricaba e recomeçar a vida lá na grotas.

Me emocionei não porque sou artista. Mas porque sou gaúcha e neta e bisneta de imigrantes que passaram por crises muito piores do que a que passamos hoje. E não esmoreceram.
Há 12 anos voltei para o Rio Grande do Sul, depois de 20 anos em São Paulo, e amo ter voltado. Porto Alegre me encanta, mesmo com tudo de torto que nela acontece hoje. Eu, como esse povo forte que assume a 11ª Bienal da Mercosul, acredito que, sim, é possível ser feliz de novo. Se a gente quiser. Se a gente fizer.
Longa vida a Gilberto Schwartsmann e sua equipe! ( Graça Craidy)
SE VOCE GOSTOU DESTE POST, TALVEZ GOSTE DESTE.