Palmas para Ana Luiza Bergmann

Neste fim-de-semana, Porto Alegre foi tomada pela poesia e pela brutalidade. 

De um lado, uma grande atriz do teatro gaúcho que se reapropria da nossa bandeira sequestrada pelos seguidores do que-diga e a desfralda em lugar sagrado - a Igreja das Dores, das nossas dores - clamando valentemente pelo expurgo da praga que assola o Brasil: o abominável bz. 

Ao mesmo tempo, em sua performance, ela fala em nome das mulheres índias abusadas, raptadas, oprimidas, personagens da peça que representou, em janeiro agora, no teatro Carlos De Carvalho, de nome Terra Adorada, onde repete a mesma cena da bandeira, denunciando o rapto e o abuso de centenas de mulheres índias pelos invasores do RS que as "laçavam" como animais e as levavam feito suas propriedades. 

Ana Luiza Bergmann é atriz teatral, professora de teatro e acaba de conquistar seu Mestrado em Artes Cênicas, pela UFRGS. 

Muita gente não entendeu, confundindo sua performace com a manifestação bolsonarista, por conta da - veja só! - bandeira. Os moralistas de cuecas torceram o nariz. As invejosas de sempre acharam feio. Os machistas de penis eretos a chamaram de baranga, tentando mais uma vez culpar a mulher pelo seu desejo e desfazer da sua capacidade de dizer e de pensar . 

Os bolsonaristas - brutos como sóem ser - foram além: tentaram bater nela e, em não conseguindo, esmurraram suas colegas e amigas, tirando sangue dos seus rostos com suas patas gigantescas, envergonhando todas as pessoas de bem. E pior: alguns a estão ameaçando de morte, um inclusive oferece recompensa! Arreda! Que o belo do bem vença essa feiúra disforme que nos ronda. 

Vade retro, capetão ! Viva Ana Luiza Bergmann!

(Graça Craidy)

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